Quando o giz acaricia a lousa,
sussurrando palavras brancas, olhinhos brilham tanto de curiosidade que seria
um pecado chamar-lhes a-lunos, sem-luz.
Quando o giz acaricia a lousa, piso ou
teto salarial tornam-se piso e teto da sala de aula que o professor transforma
em reino de riquezas impalpáveis.
Quando o giz acaricia a lousa, cada
descoberta é uma janela que se descortina, uma porta que se abre, e um abraço
que acolhe.
Quando o giz acaricia a lousa, o
silêncio se transforma em palavra, a penumbra se ilumina, a verdade ganha
força, caem as mordaças, desatam-se as vendas, desvelam-se os véus.
Quando o giz acaricia a lousa, benévolas
iscas fisgam o interesse da classe com seus anzóis de luz.
Misto de pai e mãe, professores dão asas mas
advertem dos maus ventos, dão o peixe mas ensinam a pescar, estendem a mão mas
encorajam a andar-se por si só, abraçam para confortar mas aconselham, ofertam
a luz do conhecimento mas incentivam ao brilho próprio. O professor contempla a
magia do ensinar, e com isto também aprende, quando o giz acaricia a lousa.
(Danilo Kuhn)
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