segunda-feira, 4 de março de 2013

Insônia


Dormir é deixar de viver, é morrer por vontade própria, é praticamente suicídio, cerrar os olhos, fechar as cortinas, cruzar os braços, abster-se, acovardar-se, entregar-se.
Enquanto a vida segue lá fora, você se vira na cama para dormir a manhã de domingo. Enquanto o mundo gira, você se deixa inerte para sestear a tarde ensolarada. Enquanto a luta continua, você se rende à letargia vespertina. Enquanto as estrelas cadentes dançam e a lua acena, você se esconde debaixo das cobertas.
A insônia é um presente, embala ideias, rabisca planos, traça metas, rascunha a vida. Insones sonham acordados. Insones acordam madrugadas, despertam noites, alumbram breus.
O sono adormece grandes feitos, evita amores, retarda a produção, encerra trabalhos inacabados, posterga realizações, atrasa, interrompe, paralisa. Quem dorme abandona o mundo, deixa-se à própria sorte, à deriva.
Durma apenas o necessário, nunca tanto quanto você gostaria. Abra os olhos para a vida!

(Danilo Kuhn)



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