Antes que o mundo acabe, eu vou amar
como se não mais pudesse. Como se não houvesse amanhã, como na verdade não há,
ao menos nunca deveria haver. A medida de amar é amar sem medidas, sem
poupações, sem ressalvas. Amar plenamente, como se fosse a primeira vez, como
se fosse a última vez.
Antes que o mundo acabe, eu vou
trabalhar incansavelmente, como se fosse a última oportunidade de atingir
minhas metas. O trabalho dignifica o homem e eu quero terminar dignamente. O
trabalho é o amor por aquilo que se faz tornado visível, palpável.
Porém, antes que o mundo acabe, eu
também vou me dar horas de lazer, roubar algumas voltas dos ponteiros do tempo
para meu usufruto sereno, usar da paz do mundo para pacificar meu espírito, e
entender que nem só de trabalho se vive. Momentos roubados de Cronos são o
nosso combustível para escapar dele. Um passeio de mãos dadas, um banho de mar
purificante, uma sesta após o almoço à sombra de uma árvore, o vento no rosto.
Antes que o mundo acabe, eu vou lutar
pelos meus sonhos, pelos meus ideais, como se somente hoje eu tenha poder de
persuasão para convencer o mundo de que eu estou certo. Amanhã será tarde,
muito tarde.
Antes que o mundo acabe, eu vou
perdoar a quem me tem ofendido, magoado, ferido, assim como vou me perdoar por
também ofender, magoar, ferir. O perdão começa em perdoar a si mesmo.
Antes que o mundo acabe, eu vou ser um
bom equilibrista para equilibrar corpo e mente, trabalho e descanso, ilusão e
brilho no olhar, esperança e atitude. Devemos colocar tudo na balança, e usar
de seus pesos-padrão para equilibrar as coisas.
O mundo sempre acaba amanhã. Amanhã
sempre é tarde. Viver o hoje sempre potencializa-nos. Amar hoje, trabalhar
hoje, descansar hoje, lutar hoje, sonhar hoje, perdoar hoje, equilibrar-se
hoje, viver hoje.
O amanhã não há. Só o hoje vive. Vive
hoje, e sê feliz.
(Danilo Kuhn)
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