segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Uma crônica para o fim do mundo


Antes que o mundo acabe, eu vou amar como se não mais pudesse. Como se não houvesse amanhã, como na verdade não há, ao menos nunca deveria haver. A medida de amar é amar sem medidas, sem poupações, sem ressalvas. Amar plenamente, como se fosse a primeira vez, como se fosse a última vez.
Antes que o mundo acabe, eu vou trabalhar incansavelmente, como se fosse a última oportunidade de atingir minhas metas. O trabalho dignifica o homem e eu quero terminar dignamente. O trabalho é o amor por aquilo que se faz tornado visível, palpável.
Porém, antes que o mundo acabe, eu também vou me dar horas de lazer, roubar algumas voltas dos ponteiros do tempo para meu usufruto sereno, usar da paz do mundo para pacificar meu espírito, e entender que nem só de trabalho se vive. Momentos roubados de Cronos são o nosso combustível para escapar dele. Um passeio de mãos dadas, um banho de mar purificante, uma sesta após o almoço à sombra de uma árvore, o vento no rosto.
Antes que o mundo acabe, eu vou lutar pelos meus sonhos, pelos meus ideais, como se somente hoje eu tenha poder de persuasão para convencer o mundo de que eu estou certo. Amanhã será tarde, muito tarde.
Antes que o mundo acabe, eu vou perdoar a quem me tem ofendido, magoado, ferido, assim como vou me perdoar por também ofender, magoar, ferir. O perdão começa em perdoar a si mesmo.
Antes que o mundo acabe, eu vou ser um bom equilibrista para equilibrar corpo e mente, trabalho e descanso, ilusão e brilho no olhar, esperança e atitude. Devemos colocar tudo na balança, e usar de seus pesos-padrão para equilibrar as coisas.
O mundo sempre acaba amanhã. Amanhã sempre é tarde. Viver o hoje sempre potencializa-nos. Amar hoje, trabalhar hoje, descansar hoje, lutar hoje, sonhar hoje, perdoar hoje, equilibrar-se hoje, viver hoje.
O amanhã não há. Só o hoje vive. Vive hoje, e sê feliz.

(Danilo Kuhn)


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