Aqui, onde as horas não passam. Aqui,
onde o tempo não me vê. Aqui, onde a rotina não me enxerga. Aqui, onde
preocupações esvanecem. Aqui, onde os sonhos adormecem. Aqui, onde o passado
não vem à tona. Aqui, onde as amarguras não me sorvem. Aqui, onde a inveja não
alcança. Aqui, onde o trabalho não impera.
Vez em quando, tiro férias de mim. E
fico aqui, distante, ouvindo o murmurar constante do riacho, degustando a brisa
e seus aromas silvestres, mastigando o tempo, bebendo as horas.
A rotina mastiga, sem pressa, dia a
dia, vida e viver. O mundo perde as estrelas da noite, o gorjear matinal, as
matizes do crepúsculo, a dança das nuvens, as flores, a lua, a poesia.
É claro que assim como não existe
noite sem dia, som sem silêncio, luz sem sombra, também não existe férias sem
trabalho. Mas tudo há de ter seu tempo. Um ciclo.
Por isso, hoje tirei férias de mim.
Não penso, não calculo, não faço planos. Tudo a seu tempo. E é tempo de férias.
Dar-se férias de si mesmo é um ato de desprendimento momentâneo, necessário
para renovar as energias, revigorar-se, reanimar-se, reviver-se.
Dá-te férias a ti mesmo, ainda que por
apenas alguns dias. Certos distanciamentos nos aproximam. Boas férias!
(Danilo Kuhn)
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