segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Ao Mestre, com carinho"!


Quando ainda no ventre da nossa mãe, donde talvez possamos ter as primeiras lembranças ou sensações, experimentamos e desfrutamos do carinho e do amor dos nossos pais ao acariciar-nos imersos no líquido uterino, recolhidos ao imenso barrigão, onde aprendemos as primeiras lições de afeto.
Quando nascemos, dão-nos umas palmadinhas no bumbum, ensinando-nos, ao primeiro choro, a respirar sem fazer uso do cordão-umbilical, bem como recorremos ao seio materno, quando a ele entregues, para alimentarmo-nos tendo já tolhido o laço à altura do umbigo.
Depois, aos poucos, os pais ensinam-nos a mastigar, a gatinhar, os primeiros passos, as primeiras palavras, contar até dez, a bicicleta-de-rodinha, enfim, uma infinidade de aprendizados nos é passada de pais para filhos, os quais nos preparam para seguir adiante.
Em seguida, vem a escola, propriamente dita, onde vamos aprender a ler, a escrever, a desenhar, a pintar, a estudar, a pensar, a conviver com as diferenças, a sofrer com elas também, mas tudo é aprendizado. Professores se revezam em importância para nós, a alguns guardamos com carinho, a outros lhes esquecemos ou por vontade própria ou por terem passado por nós sem deixar marcas. Colegas também são importantes nesta relação de ensino-aprendizagem, nos dão o bom exemplo do estudioso ou do aplicado, nos dão o mau exemplo do bagunceiro ou do brigão ou do desinteressado. Amigos também tomam parte importante de nossa formação haja vista que nem todos os colegas são amigos, e nem todos os amigos são colegas, e não passamos o dia inteiro na escola, também temos a nossa rua ou bairro ou prédio ou condomínio. Tem também os parentes, primos e irmãos, acabam nos sendo amigos, ou somente colegas de família.
Também temos os nossos professores do amor, do amor de homem e mulher, ou de menino e menina, que geralmente os temos desde a infância e de diversas formas. Os namoricos de criança, que por mais inocentes que sejam, nos ensinam. Os amores platônicos de adolescente, nunca correspondidos, sempre inspiradores. O primeiro beijo. A primeira vez. Ninguém nasce sabendo. A tudo se aprende. De tudo nos ensinam.
Em verdade, é vivendo que se aprende, com a vida, esta vitalícia professora incansável, que nos aprova e reprova sem restrições, que aplica provas-surpresa, que tem seus próprios métodos de avaliação, que não se restringe a uma única tendência pedagógica, que nos pede a mão à palmatória, que nos escreve à lousa com seu giz de sangue e suor, que nos cobra o conteúdo e nos aconselha, que nos castiga e nos dá amor sem reprimendas, que nos conhece e nos faz conhecer-nos. Nossa formatura é ao longo do processo, e quando ficamos realmente prontos para os seus propósitos, concluímos a escola da vida, ou talvez somente mais uma etapa do ensino de Deus, levando conosco sabe-se lá para onde nossos cadernos de anotações, toga e diploma, deixando de herança apenas novos alunos, filhos nossos, para frequentarem a mesma escola, as mesmas salas de aula. Resta-nos agradecer: “Ao Mestre, com carinho”!

(Danilo Kuhn)


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