Quando ainda no ventre da nossa mãe, donde talvez possamos ter
as primeiras lembranças ou sensações, experimentamos e desfrutamos do carinho e
do amor dos nossos pais ao acariciar-nos imersos no líquido uterino, recolhidos
ao imenso barrigão, onde aprendemos as primeiras lições de afeto.
Quando nascemos, dão-nos umas palmadinhas no bumbum,
ensinando-nos, ao primeiro choro, a respirar sem fazer uso do cordão-umbilical,
bem como recorremos ao seio materno, quando a ele entregues, para
alimentarmo-nos tendo já tolhido o laço à altura do umbigo.
Depois, aos poucos, os pais ensinam-nos a mastigar, a
gatinhar, os primeiros passos, as primeiras palavras, contar até dez, a
bicicleta-de-rodinha, enfim, uma infinidade de aprendizados nos é passada de
pais para filhos, os quais nos preparam para seguir adiante.
Em seguida, vem a escola, propriamente dita, onde vamos
aprender a ler, a escrever, a desenhar, a pintar, a estudar, a pensar, a
conviver com as diferenças, a sofrer com elas também, mas tudo é aprendizado.
Professores se revezam em importância para nós, a alguns guardamos com carinho,
a outros lhes esquecemos ou por vontade própria ou por terem passado por nós
sem deixar marcas. Colegas também são importantes nesta relação de ensino-aprendizagem,
nos dão o bom exemplo do estudioso ou do aplicado, nos dão o mau exemplo do
bagunceiro ou do brigão ou do desinteressado. Amigos também tomam parte
importante de nossa formação haja vista que nem todos os colegas são amigos, e
nem todos os amigos são colegas, e não passamos o dia inteiro na escola, também
temos a nossa rua ou bairro ou prédio ou condomínio. Tem também os parentes,
primos e irmãos, acabam nos sendo amigos, ou somente colegas de família.
Também temos os nossos professores do amor, do amor de homem
e mulher, ou de menino e menina, que geralmente os temos desde a infância e de
diversas formas. Os namoricos de criança, que por mais inocentes que sejam, nos
ensinam. Os amores platônicos de adolescente, nunca correspondidos, sempre inspiradores.
O primeiro beijo. A primeira vez. Ninguém nasce sabendo. A tudo se aprende. De
tudo nos ensinam.
Em verdade, é vivendo que se aprende, com a vida, esta
vitalícia professora incansável, que nos aprova e reprova sem restrições, que
aplica provas-surpresa, que tem seus próprios métodos de avaliação, que não se
restringe a uma única tendência pedagógica, que nos pede a mão à palmatória,
que nos escreve à lousa com seu giz de sangue e suor, que nos cobra o conteúdo
e nos aconselha, que nos castiga e nos dá amor sem reprimendas, que nos conhece
e nos faz conhecer-nos. Nossa formatura é ao longo do processo, e quando
ficamos realmente prontos para os seus propósitos, concluímos a escola da vida,
ou talvez somente mais uma etapa do ensino de Deus, levando conosco sabe-se lá
para onde nossos cadernos de anotações, toga e diploma, deixando de herança
apenas novos alunos, filhos nossos, para frequentarem a mesma escola, as mesmas
salas de aula. Resta-nos agradecer: “Ao Mestre, com carinho”!
(Danilo Kuhn)
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