No
quadro negro do céu noturno um giz de lume pontilha estrelas que valseiam
lentamente na noite lá do campo, onde as luzes da cidade não ofuscam seu
encanto celestial. A lua é o sol da noite que banha as coxilhas de prata e
estanho onde as sombras das folhas das árvores dançam ao canto do vento e o
breu dos matos é golpeado por adagas de luz. Nuvens vistoriam as águas e bebem
dos açudes adormecidos, mirando-se vaidosas nos espelhos d’água...
Por
sua beleza e mistério, tão lindo quadro em movimento desperta ciúmes em brasa e
então o astro-rei entra em cena a cobrar o papel principal. Rompe a barra do
dia a ferro e fogo, envergonhando as sombras e tingindo de arrebol o negrume
celeste. A aurora traz em si uma aquela luzidia de cores e matizes matinais que
com os pincéis da manhã transformam o cenário num relicário multicor. Ergue-se
o sol no horizonte regendo a sinfonia do amanhecer, verdejando o campo e
reluzindo ouro nas águas...
Mas o
rei também tem rivais, e as nuvens que resolveram se unir trouxeram um manto
gris ao teto do reino. De mãos dadas, teceram uma colcha nublada e se fizeram
misto de dia e noite, contentando sombras e cores. Vistas de cima são um mundo
de neve e algodão que soa doce e infantil. As serras por vezes se infiltram,
formando ilhas imersas em véus nebulosos...
Tenho
andado encantado com o céu, que por muito tempo o trabalho e a rotina me
esconderam. Tenho andado encantado com o céu que o tempo inveja, que as horas
guardam, que os segundos disfarçam. Tenho andado encantado com o céu e seus
astros, seus personagens, seus cenários.
Quem
não olha para o céu nega a si mesmo as mais belas telas do Artista Celeste.
(Danilo
Kuhn)
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