segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Tenho andado encantado com o céu


No quadro negro do céu noturno um giz de lume pontilha estrelas que valseiam lentamente na noite lá do campo, onde as luzes da cidade não ofuscam seu encanto celestial. A lua é o sol da noite que banha as coxilhas de prata e estanho onde as sombras das folhas das árvores dançam ao canto do vento e o breu dos matos é golpeado por adagas de luz. Nuvens vistoriam as águas e bebem dos açudes adormecidos, mirando-se vaidosas nos espelhos d’água...
Por sua beleza e mistério, tão lindo quadro em movimento desperta ciúmes em brasa e então o astro-rei entra em cena a cobrar o papel principal. Rompe a barra do dia a ferro e fogo, envergonhando as sombras e tingindo de arrebol o negrume celeste. A aurora traz em si uma aquela luzidia de cores e matizes matinais que com os pincéis da manhã transformam o cenário num relicário multicor. Ergue-se o sol no horizonte regendo a sinfonia do amanhecer, verdejando o campo e reluzindo ouro nas águas...
Mas o rei também tem rivais, e as nuvens que resolveram se unir trouxeram um manto gris ao teto do reino. De mãos dadas, teceram uma colcha nublada e se fizeram misto de dia e noite, contentando sombras e cores. Vistas de cima são um mundo de neve e algodão que soa doce e infantil. As serras por vezes se infiltram, formando ilhas imersas em véus nebulosos...
Tenho andado encantado com o céu, que por muito tempo o trabalho e a rotina me esconderam. Tenho andado encantado com o céu que o tempo inveja, que as horas guardam, que os segundos disfarçam. Tenho andado encantado com o céu e seus astros, seus personagens, seus cenários.
Quem não olha para o céu nega a si mesmo as mais belas telas do Artista Celeste.

(Danilo Kuhn)


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