Ao leres esta crônica, a poesia em forma de véus de
nuvens esparsos ao vento acenará lá do alto que o céu é o limite para teus
sonhos, basta deixar-se elevar e expandir. Para vislumbrar o horizonte é
necessário abrir as cortinas...
A música que emana das palavras soará aos teus
ouvidos como a beleza que cativa o coração e liberta a alma das mazelas do
superficial. Para cantar a vida é preciso ouvir as entrelinhas...
O encanto inerente à arte invadirá as horas
moribundas de trabalho e cansaço para revitalizar energias anestesiadas e o já
opaco brilho no olhar. Para ver o mundo sem vendas há de se olhar para dentro
de si mesmo...
O próprio tempo dar-te-á uma trégua e deixar-te-á
um pouco a sós contigo mesmo, ante o espelho da autorreflexão, onde mesmo um
segundo vale uma eternidade. Compreender aos outros pressupõe compreender-se
antes...
Este texto até então mudo, afônico, ganhará voz e
diante os teus olhos vai falar sobre si e sobre ti, num diálogo transcendente
que apenas quem lê conhece. O texto não pertence ao autor, é de cada um dos
leitores...
Teu coração enobrecer-se-á ao emprestares atenção
às minhas palavras, e as mesmas terão um motivo para terem sido escritas:
pertencerem a ti. Ofertar-te-ão seu breve sopro de vida, sutil impulso rumo a
teus anseios no sussurro de uma frase que se necessita ouvir...
Meu coração baterá em paz ao saber-te leitor.
Perdido na biblioteca do esquecimento o texto não lido, o livro jamais aberto...
Um escritor escreve para si mesmo, mas ele mesmo é seus leitores...
Se o alimento do corpo é o que se come e se bebe e
se respira, o da alma é o que se lê e se ouve e se vê e se sente. A poesia da
arte e da vida é o pão do espírito. Não há corpo de pé se a alma convalesce...
Por que não ler palavras inspiradas e pensadas e
escritas para ti? Por vezes damos atenção a quem não retribui e não percebemos
quem atenta em nós. Olhar para o lado é a chave para enxergar o que merece ou
não estar lá dentro do coração...
Por fim, vou contar-te um segredo. Nada existe sem
o outro. Nem som sem silêncio, nem luz sem sombra, nem dia sem noite, nem eu
sem você, nem texto sem leitor. Portanto, para que eu exista, por favor, lê
esta crônica...
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