O pai
é pura e cristalina água de poço quando há sede na vida, e sempre há... Da
vertente bebe o moço conselhos, rumo e guarida para si e para os seus.
O pai é a estrada certa da encruzilhada; é o
caminho já trilhado com o seu aprendizado. Do horizonte, o pai aponta o norte
em noite serena e estrelada.
O pai é o cerno do angico nas noites de ventania,
que verga os ombros, mas não tomba. O pai aquece o rancho de carinho e abrigo
nos tempos de invernia.
O pai, por ser vaqueano, vai repontando a tropilha,
e na invernada dos anos, estende-se como o esteio de sua família.
O pai acolhe o filho como se fosse um abraço.
Um abraço pode ser, à primeira mirada, um gesto
simples. Mas este enlace pode significar muito perante as ausências, ou ante
aos erros, ou frente às mágoas. Pode também trazer conforto, ou alegria, matar
saudade, dar ou pedir perdão, um boa-sorte ou um seja-bem-vindo. Quem pode
mensurar um abraço? Ou cronometrar seu tempo de efeito?
Um abraço pode medir quilômetros e abraçar todo o
teu mundo. Um abraço pode durar dias te abraçando.
O relógio não é uma invenção da alma; em seus
ponteiros, poucos segundos, mas após dias e dias, o abraço continua te
abraçando...
Algumas presenças não se ausentam, apenas
prenunciam o próximo encontro. Algumas presenças são um presente, mesmo
enquanto ausentes. Agora mesmo, um abraço pode ainda estar te abrançando.
Filhos seguem sua trilha e do pai repisam os
passos... Tentam abraçar o mundo, alçam voo, lançam-se ao vento, mas quando o
vento sopra contra, ou uma asa se quebra, ou quando o mundo não cabe entre os
braços, o abraço do pai é o melhor abrigo. E o pai acolhe o filho, como se
fosse um abraço.
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